AS UTOPIAS DE LIBERDADE E AUTONOMIA

No fundo, vivemos uma ilusão de liberdade. Consideramos e pensamos que somos livres, mas, se formos analisar bem, a nossa liberdade é restrita e limitida. É uma liberdade condicionada! Portanto, diante disto, para chegarmos a um consenso, devemos definir o escopo de liberdade.

 

Conforme diz Louis Neilmoris"as pessoas querem ter a liberdade para ser, estar e fazer o que bem entenderem; ser o dono do próprio nariz — como se diz vulgarmente".  Entretanto, essa liberdade de nos conduzirmos como bem entendermos não tem uma sustentação objetiva verdadeira, porque, a nossa dependência de uma série de fatores, de circunstâncias, de condições e etc desconstroi essa nossa pretensa realidade quanto à sermos livres. Na prática, a nossa liberdade se ressume à nossa escolha de sob qual condução queremos nos submeter?

 

 

Estamos sempre sendo conduzidos por algo, alguém, ou ideia e etc. Alguns, se submetem à condução política; outros, à filosófica; aqueloutros, à religiosa e assim por diante. Em todos os tempos, um dos maiores condutores de mentes, comportamentos e etc foram e são as religiões. Mas, conforme diz Neilmoris, "religião, ciência e filosofia têm conduzido a Humanidade — cada qual com suas características". E assim, vemos pouco a pouco o desmonte de nossa ilusão de liberdade. Neste aspecto, nem os Espíritos de Mais Elevada Evolução possui liberdade, no sentido que a avocamos e queremos deter. Segundo Jesus, Ele vivia para fazer e satisfazer a Vontade Daquele Que Se Encontrava nos Céus; ou seja, de Deus.

 

 

Posto isto, lhes remeterei a um texto do autor que vimos citando, e que se segue abaixo, sobre autonomia. Muito bom e vale uma reflexão! 

 

 

Boa leitura.

 

 

 

 

A utopia da autonomia 

 

 

Aqui vai uma péssima informação àqueles que não admitem, de forma alguma, a condição de conduzido, e que, assim, condicionam sua felicidade ao estado de plena liberdade: esta, a liberdade — como capacidade de autonomia —, é uma utopia para a realidade humana, conforme será demonstrado aqui.  

 

 

Ora, a impossibilidade natural da completa liberdade se apresenta já pelas leis físico-químicas. Para começar, nenhum homem não nasce por si mesmo, mas necessita da contribuição de seus progenitores. E, além disso, como se sabe, o período da nossa infância é marcado pela nossa total dependência dos cuidados alheios, desde as coisas mais básicas — como se alimentar. Portanto, todo ser humano passa pela inexorável condição de ser conduzido.  

 

 

Certa filosofia defendeu que o homem nasce para libertar-se. Contudo, como promover essa emancipação, se, e de uma maneira bem simples, nascemos todos condicionados à peleja das exigências fisiológicas e em meio a uma série de regras sociais?  

 

 

Nenhuma circunstância — ou um conjunto de circunstâncias — no plano terrestre pode assegurar a liberdade integral a um indivíduo. Nem a riqueza, nem o poder, nem a juventude, nem a beleza e nem a somatória de todos esses elementos concretizaria tal sonho, ou melhor, utopia, porque, se há condições para se fazer isso, aquilo outro já não é possível. O mais poderoso e mais bem favorecido homem na Terra, assim como outrora careceu da assistência de seus semelhantes, um dia qualquer precisará dos serviços alheios, sem os quais ele se esvazia um tanto mais.  

 

 

Num plano perfeito, tal como se espera do cosmos, nossa felicidade não pode depender da nossa liberdade, pois somos todos interdependentes uns dos outros, como somos da Natureza. Daí é interessante ponderarmos sobre a essência e a justeza dessa condição de dependência. 

 

 

É uma filosofia incompleta e muito banal dizer a um indivíduo simplesmente "sua felicidade depende só de você". Seria equivalente a dizer que o Universo inteiro também estivesse subjugado à nossa vontade. Felizmente, há uma força maior do que nós dividindo a condução das coisas. Sem esta, quem estaria apto para conduzir-se sozinho? 

 

 

- Louis Neilmoris em O GRANDE ENCONTRO FILOSÓFICO - Autodescobrimento Aplicado.